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UNIÃO DE freguesiaS de

Picão
e Ermida

A União das Freguesias foi constituída em 2013, no âmbito da Reforma Administrativa Nacional pela agregação das então freguesias de Picão e Ermida. Em termos populacionais tem 535 habitantes, e uma área de 1595,01ha. Localidades pertencentes à União das Freguesias: Picão, Bogalhão, Carvalhosa, Codeçais, Ermida, Seara, Sobradinho e Vilar.

O território da então freguesia de Picão, no primeiro ciclo da monarquia, incluía-se no julgado e “terra” de Moção e na paróquia inicial de S. João de Pinheiro. Era constituído por três “Vilas” – Gondivau, Bugalhão e Picão. No que concerne a Gondivau não existe memória, no entanto, sabe-se que em 1203 foi povoada com carta de foro por D. Emígio Moniz, confirmada por D. Sancho I. Posteriormente foi de Nuno Gomes, cavaleiro-fidalgo.

As Inquirições afonsinas fazem referência a este cavaleiro-fidalgo, mas é através de documentos da Sé de Viseu que se pode concluir que ele viveu nos finais do século XII e que foi D. Afonso Henriques quem o nomeou “prestameiro” de Gondivau e certamente de Bugalhão e Picão. Atualmente não restam vestígios nem memória se quer do nome de Gondivau. Já da “vila” de Bugalhão permanece o nome e preserva a ermida de S. Mamede (mártir de grande devoção bem anterior ao século XII) desconhecendo-se a sua fundação e a de Nossa Sra da Graça, presume-se que sejam antiquíssimas tal como o sítio denominado – O Fojo. Perto deste passa uma velha estrada romana ou, ainda hoje designada, “estrada de Bugalhão”, avistando-se o local exato onde existem vestígios da remota calçada denominada de Via Cova. Esta estrada sulcava a serra de S. Macário passando muito perto de Ester.

Esta “vila” de Bugalhão foi povoada no século XII, possivelmente pelas suas tradições de povoamento pré-histórico e germânico. Era um município rudimentar, de unidade tributária, sujeito ao de Moção. Posteriormente, Picão, tal como Moura Morta e Pinheiro, passaram a fazer parte de comenda da Ordem de Cristo sendo o Comendador, em 1758, José Bernardo Pereira de Arouca, possuindo os dízimos, os foros e os rendimentos. António Correia de Azevedo, cura de Picão, relata uma velha tradição, ainda hoje existente, mas com algumas alterações, no que concerne ao povoamento do local: “Há memória por tradição antiga que el-rei Dom Dinis que Deus tenha em glória, que andando examinando pelos seus Reinos, cuidado dos seus vassalos, veio a esta freguesia ao sítio chamado Bugalhom que neste tempo dizem morava lá um lavrador, aonde se recolheu EL-REI, e dizendo ao lavrador que pedisse, este pediu que ficasse o concelho de Moção livre de tributos; e deixou para memória perpétua que todos os anos, enquanto o mundo fosse mundo, o reverendo pároco do mosteiro da Ermida lhe cantasse um responso por sua alma todos os anos na segunda ladainha de Maio, aonde chamam a Cruz da Armada que está em um monte alto, aonde se junta o povo da mesma freguesia e o reverendo pároco da freguesia de Pinheiro com o povo da sua freguesia e a câmara do concelho de Moção e dá de esmola mil e oitocentos réis e o reverendo pároco de Pinheiro diz todos os anos uma missa em dia de Corpus Christi pela alma dos Sereníssimos Senhores Reis de Portugal e lhe dá a mesma câmara oitocentos réis de esmola, o que tudo se observa sem falência”.

Verificando-se o foral de Moção segundo a reforma manuelina não há conhecimento da dispensa geral de tributos a que se refere a tradição, visto que os direitos régios foram aforados ao concelho durante a Idade Média por 200 maravedis velhos, encontrando-se a isenção para Picão. Permanece nos dias de hoje um lugar denominado Armada, alusivo a qualquer defesa castreja. No local de Bugalhão pode-se encontrar vestígios de habitação incluindo uma igreja que por razões alheias se deslocou mais para a serra, onde se formou o povoado de Picão.

Picão de sempre se dedicou à pastorícia e à agricultura, bem como à sua interessante e curiosa “indústria” de tecidos grosseiros, como é o caso dos bragais da Idade Média, trabalhos estes executados no pisão (é um engenho robusto e pesado composto por dois maços que por ação de um mecanismo próprio batem os tecidos – pisoagem). Ainda hoje existe em Picão, no lugar de Fonte Branca, um enorme pisão.

Possivelmente, a fundação deste mosteiro teria como objetivo a tentativa de povoamento desta região uma vez que se encontrava devastada pelas lutas e despovoada devido às condições climáticas e pouco propícias à agricultura destas encostas montemuranas. Não existe registos de quem teria passado a carta de couto da Ermida, mas, sabe-se que D. Manuel lhe passa a 9 de julho de 1514 foral assinado por Fernão de Pina.

Nessa altura, o domínio do Mosteiro abrangia as povoações de Ester, Sobradinho, Carvalhosa, Vilar, Codeçais e S. Joaninho, desanexando-se apenas Ester e S. Joaninho.